Chamada Doenças e adoecimentos na escravidão - trabalho e liberdade nas Américas e no Caribe
O dossiê “Doenças e adoecimentos na escravidão - trabalho e liberdade nas
Américas e no Caribe” pretende reunir artigos que analisem diversos aspectos
relacionados à saúde dos escravizados e libertos em diferentes contextos. Resultados de
pesquisas voltadas para o tema têm sido publicados nas últimas décadas, conformando
um campo de estudos que vem se consolidando. Importantes trabalhos sobre as
principais enfermidades que atingiam escravizados, africanos e descendentes,
considerando interseccionalidades de gênero, faixa etária, origem, têm aprofundado
nossos conhecimentos sobre as condições de vida de quem estava submetido ao
cativeiro. Investigações sobre o pensamento médico acerca de africanos e descendentes,
assim como o papel de doentes escravizados na educação e no conhecimento médicos,
também têm avançado na historiografia. Do mesmo modo, a atuação de africanos e
descendentes como praticantes das artes de curar, como curandeiros, sangradores e
parteiras, e seus saberes sobre substâncias que pudessem causar doenças e até a morte
têm sido objeto de pesquisas. Assim, este dossiê busca propiciar análises e debates
focados na saúde e na doença da população escravizada e liberta nos vários contextos
das Américas e do Caribe nos séculos XVIII e XIX. Propõe-se, então, incentivar o
campo de estudos sobre doenças e saúde da população escravizada; problematizar as
construções de escravidão e liberdade que estavam implícitas, por exemplo, no
exercício de quem curava e de quem era curada(o); ampliar esta problemática de estudo
considerando diversos espaços, cidades, regiões e administrações; e tentar observar
mudanças e continuidades, considerando também uma época em que as colônias
americanas passaram por transformações políticas e administrativas.
Referências bibliográficas
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