A composição da renda no topo da distribuição: evolução no Brasil entre 2006 e 2012, a partir de informações do imposto de renda

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Resumo

O objetivo deste estudo é analisar a composição da renda das pessoas 10% ricas do Brasil e sua evolução no período 2006 a 2012 a partir de tabulações de dados da Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física (DIRPF). Os dados originais foram reorganizados de modo a produzir uma classificação estável nesse período. A distribuição da renda foi obtida por interpolação de Pareto das tabulações. Os resultados indicam que no 1% mais rico apenas metade da renda total é de salários e aposentadorias, um quarto de rendimentos mistos, como lucros e dividendos e um sexto de rendimentos estritamente vinculados à remuneração do capital, como aplicações financeiras e ganhos de capital. Entre 2006 e 2012 cresceu a participação dos rendimentos de capital no topo da distribuição de renda brasileira. Esses rendimentos são extremamente concentrados: três quartos dos lucros e dividendos, três quartos das rendas de aplicações financeiras e quatro quintos de todos os ganhos de capital dos 10% mais ricos são apropriados pelo 1% mais rico da população. Essas frações expressam, aproximadamente, a concentração na população inteira. A estabilidade na desigualdade de renda entre 2006 e 2012 decorre de um aumento das rendas de capital no topo da distribuição compensando uma desconcentração dos rendimentos do trabalho, o que explica a divergência de comportamento da desigualdade em relação à estimada em pesquisas domiciliares.

Biografia do Autor

  • Marcelo Medeiros, Ipea, UnB
    Realiza estudos no campo da Desigualdade Social. Tem formação em Sociologia e Economia. Atualmente é pesquisador do Ipea e professor na UnB. Além disso leciona anualmente na UNSAM - Buenos Aires. Foi pesquisador no International Poverty Centre - UNDP, pesquisador-visitante no CSC - Cambridge University, no Institute for Human Development - Delhi, no Indira Ghandi Institute - Mumbai, na Sophia University - Tóquio, no CNRS-Cermes3 – Paris, na University of California – Berkeley e visitante na Yale Law School, New Haven, além de especialista em avaliação de políticas do TCU. Recebeu o Fred L. Soper Award, prêmio da Organização Mundial da Saúde para a melhor publicação em saúde pública de 2012, o Prêmio Tesouro Nacional em Economia do Setor Púlblico, 2012 (3o. lugar), o prêmio Anpocs de melhor tese de doutorado em Ciências Sociais de 2003, medalha de melhor estudo sobre desenvolvimento do Senado Federal - Instituto Tancredo Neves em 2000 e menção de Melhor Estudo de Aluno de Graduação do XX Eneco em 1993. Atuou como membro de conselhos de pesquisa na AUC - Cairo e na Fiocruz - Rio. Tem publicações nas áreas de Desigualdade e Mobilidade Social, Demografia, Saúde, Educação, Uso do Tempo, Gênero, Pobreza, Teorias do Desenvolvimento, Deficiência e Proteção Social, bem como artigos de divulgação científica, análise e opinião em jornais e revistas. Coordena projetos de pesquisa e trabalha regularmente em conjunto com orientandos de graduação, iniciação científica, mestrado e doutorado. Participa de atividades de gestão científica na Capes e no CNPq. É membro da SBPC, da ISA e da SBS.
  • Fábio Ávila Castro, Universidade de Brasília
    Engenheiro Eletrônico pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA-1990). Possui também Mestrado em Ciência (Microondas e Eletro-óptica) pela mesma instituição (ITA-1994). Foi pesquisador do grupo de sensores a fibra óptica do Instituto de Estudos Avançados (IEAv) do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), tendo sido gerente do projeto de pesquisa de sensores de navegação inercial (giroscópios e acelerômetros) a fibra óptica. Fez estágio de três meses pelo CNPq na Texas A&M University sob orientação do Prof. James Blake. Desenvolveu competências na área de teoria eletromagnética, lasers, fibras ópticas e sensores a fibra óptica. Auditor-Fiscal da Receita Federal desde 1999 dedica-se, atualmente, à previsão de receitas tributárias, principalmente do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Possui experiência em teoria da tributação, economia da tributação, tributação e desigualdade, economia do setor público, modelos de previsão de receitas tributárias e modelos de teoria dos jogos aplicados à área tributária. Concluiu mestrado em economia do setor público pela Universidade de Brasília (UnB-2014)

Publicado

2018-08-01

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Articles