O DESAFIO HISTORICISTA À ECONOMIA POLÍTICA: UMA ANÁLISE DO DEBATE METODOLÓGICO NA INGLATERRA NA DÉCADA DE 1870

Autores

  • Laura Valladão de Mattos Departamento de Economia da FEA-USP

Resumo

Esse artigo analisa um debate, ocorrido na década de 1870, que se seguiu a fortes críticas lançadas por dois economistas historicistas, Thomas Cliffe Leslie e John Kells Ingram, à natureza dedutiva, abstrata e universalista da Economia Política. O objetivo desses economistas era substituir essa ciência por uma Economia de caráter indutivo e histórico. Walter Bagehot e William Stanley Jevons – defensores, respectivamente, da ortodoxia vigente e do marginalismo emergente – reagiram diretamente a esses críticos. A resposta de Bagehot foi reafirmar o método dedutivo da Economia Política, porém restringir a validade dessa ciência às sociedades comerciais avançadas como a Inglaterra. A reação de Jevons foi enfatizar a natureza dedutiva e universal da teoria econômica, mas defender a importância da existência de ramos de históricos e aplicados de investigação. Argumenta-se que, o desafio historicista colocou as questões metodológicas na ‘ordem do dia’ e fez com que esses economistas atribuíssem um ‘lugar’ para a história – mesmo que não aquele almejado por Leslie e Ingram. Analisar esse debate metodológico permite uma compreensão melhor das alternativas que se apresentavam para a Economia ao final do século XIX e pode, quem sabe, jogar luz sobre os rumos que a nossa ciência tomou nas primeiras décadas do século XX.

Publicado

2019-02-13

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