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Chamada para artigos

Revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea

Publicada pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília, a revista tem o compromisso de fomentar o debate crítico sobre a literatura contemporânea produzida no Brasil, em suas diferentes manifestações, a partir dos mais diversos enfoques teóricos e metodológicos, com abertura para o diálogo com outras literaturas, em especial da América Latina.

Seção temática

1. A revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea está recebendo artigos para a seção temática do número 69 (maio/ago. 2023), sobre “Ocupando espaços: legitimação de escritoras brasileiras contemporâneas”.

Ementa:

 Ao ser indagada sobre a ausência de mulheres escritoras em um prêmio literário de 2017, a escritora Maria Valéria Rezende apontou que a falta de representatividade estaria relacionada mais à inexistência de oportunidades de publicação do que à escassez de escritos de mulheres. Em outras palavras, apesar de não serem publicadas, as mulheres efetivamente escrevem. Longe de ser isolada, essa constatação já havia servido de mote para extensa pesquisa desenvolvida pela estudiosa Regina Dalcastagnè (2007) a respeito da imagem da mulher na literatura brasileira. A partir da análise de livros publicados entre 1990 e 2004, verificou-se que as autoras não chegavam a 30% do total dos escritores editados. Além disso, uma característica importante dessa pesquisa reside no fato de que o recorte de romances analisados se restringiu às três editoras mais importantes do país, o que pode levar a várias indagações, uma delas referente ao cenário editorial brasileiro à margem do dominante. 

O episódio envolvendo Maria Valéria Rezende impulsionou a idealização do coletivo de escritoras brasileiras Mulherio das Letras, que nasceu com a criação de um grupo no Facebook em 2017 e se consolidou no primeiro encontro do grupo em João Pessoa, na Paraíba, de 12 a 15 de outubro. O coletivo atualmente tem ramificações não só em todas as regiões brasileiras, mas também em vários países. E não se trata de fenômeno singular. São inúmeras as movimentações de coletivos, bibliotecas comunitárias, eventos na periferia que revelam uma fecunda produção literária de autoras de todos os cantos do Brasil e do exterior. Por meio de conferências, feiras de livro, saraus, bem como diante do acesso a editoras populares e independentes, as mulheres escritoras vêm articulando uma rede de apoio para democratizar a publicação de seus livros. Trata-se de um rico acervo em elaboração que merece o olhar da crítica não só no sentido de se legitimar como parte integrante da literatura brasileira contemporânea, mas também para servir de mapeamento a outras visões de Brasil.

Diante desse cenário e em busca de oferecer um espaço para a discussão crítica dessa produção literária, este dossiê solicita não só artigos, mas também resenhas que ofereçam análises de obras de mulheres escritoras que não tenham recebido significativa atenção da crítica, tais como obras publicadas em coletâneas de coletivos, por editoras populares, livros de estreia, entre outros. O dossiê tem especial interesse na obra de autoras negras, indígenas, LGBTQ+ e da periferia. São bem-vindos, também, textos que abordem vivências de personagens não-hegemônicos e experiências de geografias múltiplas do Brasil. 

 Dossiê proposto por Cecília Rodrigues (University of Georgia), Cris Lira (University of Georgia) e Lígia Bezerra (Arizona State University).

O prazo final para o envio de artigos para esta seção temática é 1 de dezembro de 2022.

2. A revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea está recebendo artigos para a seção temática do número 67 (set./dez. 2022), sobre "Literatura e imaginação utópica".

Ementa:

No início da obra Nem tudo é silêncio, de Sonia Bischain, um poema recupera os saberes ancestrais, ao narrar a busca de guerreiros indígenas pela Ivy marã ey, a terra sem males dos tupi-guarani. No século XV, quando os europeus chegaram na América, não suspeitavam da rica cosmologia dos povos ameríndios; antes associaram as terras recém “descobertas” ao paraíso cristão, que a empresa colonizadora logo transformaria em um solo banhado de sangue, condenando as populações locais ao extermínio. As fantasias do Novo Mundo estão na origem da utopia moderna, inspirando filósofos humanistas como Thomas Morus, que imaginou, fiel ao pensamento e aos valores de uma Europa etnocêntrica, herdeira dos ideais platônicos da República, um lugar perfeito, uma sociedade ideal, uma ilha situada em uma geografia impossível, que em todo o caso existe como norte, farol que guia as aspirações por um mundo melhor. No entanto, o sonho de uns pode ser o pesadelo de outros, como lembra a antropóloga Margareth Mead. Modelos que projetam o futuro podem muito bem redundar em distopia e sistemas totalitários, legitimando relações sociais de exclusão. Para além das inevitáveis diferenças de ideologia e de interpretação, a utopia opera como elemento antecipatório da construção política e jurídica de modelos civilizatórios, de ordenamento da sociedade, de redesenho de racionalidades.

Sensível a essas projeções, a escrita literária tem dialogado com esse debate e construído obras que disputam os significados do amplo e ambivalente campo semântico que o termo utopia evoca no presente, inclusive nas formas discursivas derivadas, como distopia, eutopia e ucronia. Este dossiê acolhe artigos que proponham reflexões e análises sobre a utopia na ficção brasileira contemporânea, seja enquanto proposta temática ou gesto escritural, ação que configura na palavra o movimento crítico e criativo aberto à invenção de novas formas de vida, sustentáveis para todos os seres.

Serão bem-vindas contribuições que permitam o trânsito por esse amplo conjunto de ideias que a tradição utópica oferece à reflexão nos dias de hoje, como referida à terra sem males, Ivy marã ey, do povo tupi-guarani, em suas versões contemporâneas - decolonial, afrofuturista, entre outras -, renovando os sonhos e as esperanças de um futuro aberto a imaginários plurais e democráticos.

Dossiê proposto por Paulo Thomaz (UnB) e Rejane Pivetta (UFRGS).

O prazo final para o envio de artigos para esta seção temática MUDOU PARA 15 DE AGOSTO de 2022.

Tema livre

A revista recebe colaborações em fluxo contínuo para a seção de tema livre, onde são publicados artigos de diversas abordagens sobre a literatura brasileira contemporânea.

Resenhas

Há ainda espaço para resenhas de obras de ficção, poesia, crítica literária e teoria literária publicadas nos últimos 24 meses.

As normas para publicação estão disponíveis em: https://goo.gl/VX55ov 

As colaborações serão recebidas pelo sistema da revista. Para enviar seu texto, acesse o sistema de Submissões: https://goo.gl/kPHVuh

Para outras informações, escreva para revistaestudos@gmail.com